Recuperação Judicial em Alta em MS: Agricultores Lideram Pedidos em Meio à Crise e Suspeitas de Má-Fé

Mato Grosso do Sul vive uma onda crescente de pedidos de recuperação judicial, refletindo a fragilidade econômica que afeta setores estratégicos da economia regional. Dados recentes apontam que agricultores lideram os pedidos, seguidos por empresas do comércio atacadista, pecuária, transporte e construção civil.
Entre as causas, especialistas destacam fatores climáticos severos, como estiagens prolongadas e chuvas fora de época, que vêm impactando diretamente a produção agrícola. A instabilidade econômica do país, marcada por juros altos, inflação persistente e crédito escasso, também compõe o cenário de dificuldades para empreendedores.
No entanto, a medida judicial que visa garantir a continuidade das empresas e o pagamento negociado de suas dívidas tem gerado debates éticos: estaria sendo usada, em alguns casos, como estratégia para ganhar tempo, postergando dívidas com fornecedores, trabalhadores e o fisco?
"A recuperação judicial é uma ferramenta legítima, mas quando mal utilizada pode desequilibrar todo um mercado", afirma um advogado especialista em direito empresarial.
Para o setor do agronegócio, responsável por grande parte do PIB estadual, a situação acende um alerta. “Estamos vendo produtores com histórico de inadimplência recorrente se esconderem atrás da recuperação para fugir de compromissos”, relata um credor que preferiu não se identificar.
Ainda assim, há quem defenda o instrumento. “A recuperação judicial salva empresas viáveis que estão momentaneamente sufocadas. Não podemos demonizar uma ferramenta criada exatamente para preservar empregos e cadeias produtivas”, pondera uma consultora financeira.
Nos bastidores, fala-se que a judicialização crescente reflete tanto o desespero quanto a esperteza de alguns players do mercado. Fato é que, com a tendência de alta, o tema entra no radar das autoridades e do setor produtivo sul-mato-grossense.
Resta saber: quantas dessas empresas buscam fôlego legítimo — e quantas apenas tentam ganhar tempo?