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Curiosidade

VERGONHA NO PANTANAL: QUADRILHAS SE ESCONDEM ATRÁS DE "BANERNISTAS" PARA USURPAR TERRAS PÚBLICAS

Por Wander Lopes

08/05/2025

 

O Pantanal sul-mato-grossense, patrimônio ambiental do Brasil e do mundo, mais uma vez é alvo da ganância e da corrupção. A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (8), a Operação Pantanal Terra Nullius para desmantelar uma organização criminosa especializada em grilagem de terras da União, falsificação de documentos e comercialização fraudulenta de Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e Títulos de Cota de Reserva Ambiental Estadual (TCRAE).

A operação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão – 10 em Campo Grande e um em Rio Brilhante (MS) – além do bloqueio de bens e valores que podem ultrapassar R$ 3 milhões. Mas a cifra, embora vultosa, é apenas a ponta do iceberg de um esquema vergonhoso.

Conforme as investigações, empresários e fazendeiros, acostumados a agir acima da lei, se aliaram a servidores da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul) para falsificar documentos e forjar processos administrativos de titulação. O objetivo? Apropriar-se ilegalmente de áreas dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, uma das regiões mais sensíveis e protegidas do país.

Ainda mais revoltante é a tática suja adotada por esses criminosos: a instrumentalização de "banernistas", ou seja, cidadãos humildes e vulneráveis usados como laranjas em processos de regularização fundiária. Esses indivíduos, muitas vezes enganados ou cooptados com falsas promessas, são transformados em escudo humano para facilitar o roubo de terras públicas. Trata-se de uma afronta não só à lei, mas à dignidade dessas pessoas e à justiça social.

Estamos diante de um modelo de pilhagem institucionalizada, em que servidores públicos se colocam a serviço do crime e grupos econômicos se valem da miséria alheia para legalizar o ilegítimo. A ousadia dos envolvidos é tamanha que nem mesmo as fronteiras de uma unidade de conservação ambiental foram respeitadas.

Os investigados poderão responder por associação criminosa, usurpação de bens da União, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema público e infrações ambientais. Mas o país precisa ir além da punição pontual: é urgente um freio institucional à farra fundiária e ao uso indecente da regularização agrária como fachada para grilagem.

 

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