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China está sempre um passo à frente: agora o país consegue usar sinais da Starlink para detectar aviões espiões e drones

Por Wander Lopes

19/09/2024

As aeronaves stealth são projetadas para evitar a detecção por radar e outras tecnologias de vigilância. Atualmente, elas pertencem aos EUA, à China, à Rússia, ao Reino Unido, à Índia e ao Japão, embora a França, a Coreia do Sul e a Turquia tenham programas em andamento para desenvolver aeronaves furtivas. Elas são estrategicamente importantes porque permitem a realização de missões com uma probabilidade muito baixa de serem detectadas. Pelo menos esse era o caso até agora.

Getty Images

A China está mudando as regras do jogo e está fazendo isso de uma maneira muito engenhosa. Um grupo de cientistas chineses usou com sucesso os sinais emitidos por satélites da rede Starlink, de propriedade de Elon Musk, para identificar um objeto furtivo no Mar do Sul da China.

 

Um experimento relativamente simples que se mostrou eficaz

Durante seus testes, os cientistas chineses usaram um drone DJI Phantom 4 Pro, que tem o tamanho aproximado de um pássaro. Na prática, a intenção deles era que esse drone assumisse o papel de um objeto furtivo, e eles conseguiram identificá-lo com sucesso analisando os sinais eletromagnéticos emitidos por um satélite da rede Starlink que sobrevoava as Filipinas na época. Uma observação importante: essa rede tem mais de 6.000 satélites em órbita projetados para emitir sinais criptografados de alta frequência.

A estratégia usada pelos cientistas chineses é implementar a detecção identificando a interrupção nas ondas eletromagnéticas emitidas por um satélite quando um objeto furtivo, como uma aeronave ou um drone, entra em seu caminho. Essa interrupção causa pequenos distúrbios no sinal que podem ser capturados e analisados para identificar a localização do objeto furtivo. Além disso, essa técnica tem outra vantagem: ela não exige que o radar emita sinais, o que dificulta a detecção ou o bloqueio por parte dos adversários.

 

É interessante notar que os engenheiros chineses conseguiram identificar até mesmo detalhes finos do drone, como o movimento dos rotores. O que esses técnicos não revelaram, e é lógico que eles mantenham isso em segredo, é o algoritmo que usaram e as características do hardware que usaram para analisar os sinais capturados.

O que sabemos é que, para tornar a detecção possível, eles construíram um receptor usando componentes eletrônicos amplamente disponíveis. Esse dispositivo foi responsável pela captura e pelo processamento dos dados. As principais potências militares estão desenvolvendo outras tecnologias para identificar aeronaves furtivas, mas essa já provou seu valor. E o mais importante é que ela é extremamente simples.

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