Fim das praias cariocas? Estudo indica risco de inundação em Copacabana e Ipanema até 2100

As praias de Copacabana e Ipanema podem desaparecer até o fim do século, sem espaço para o recuo natural da areia diante da elevação do nível do mar.
A projeção vem de um estudo inédito da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), publicado na revista Natural Hazards, que analisou com alta precisão os impactos das mudanças climáticas sobre a orla carioca.
Usando o sistema ROMS (Regional Ocean Modeling System), aliado a um modelo digital de elevação, pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) simularam a elevação do mar em até 69 centímetros até 2100
O levantamento indica que bairros como Copacabana, Ipanema, Leme, Leblon, Botafogo e Flamengo estão entre os mais afetados.
“Nos centros urbanos dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, as principais mudanças correspondem à redução na largura das praias de areia, incluindo Copacabana e Ipanema, que não poderão recuar devido à intensa urbanização, e ao aumento da área superficial das lagoas Rodrigo de Freitas e Piratininga”, afirma Raquel Toste, uma das autoras da pesquisa.
Consequências em outros locais do Rio
A modelagem também revela risco de ampliação das lagoas costeiras e de extinção dos manguezais da Baía de Guanabara — ecossistemas essenciais para o equilíbrio ambiental da região.
Mesmo em cenários com controle parcial do aquecimento global, os impactos sobre o litoral são considerados inevitáveis sem políticas locais de adaptação.
“As projeções globais não abordam inundações costeiras de forma detalhada. O modelo regional permite enxergar dinâmicas específicas, como correntes, marés e mudanças no nível do mar ao longo do tempo — o que os modelos globais não capturam”, completa Toste.