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Justiça

Perseguição, interferência e 'lista secreta': a face oculta da comunicação oficial em Mato Grosso do Sul

Por Wander Lopes

29/04/2025

 

O uso político da verba publicitária do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul tem ultrapassado os limites da legalidade e da moralidade administrativa. Além dos gastos milionários com autopromoção, sem critérios técnicos claros, há uma estrutura de perseguição e retaliação a veículos e profissionais de imprensa que ousam manter uma linha editorial independente.

Durante visita à Secretaria de Comunicação do Estado, levamos essas preocupações diretamente ao titular da pasta. A resposta foi tão reveladora quanto preocupante: o secretário afirmou, com todas as letras, que “nada podia fazer”, alegando que as planilhas com os nomes de veículos e profissionais a serem contratados “vêm de cima”, sob controle de figuras ligadas ao núcleo político do governo — mais especificamente, segundo ele, por ordens de um personagem apelidado nos bastidores como “boi do cu branco do PSDB”, símbolo de uma figura obscura, poderosa e intocável que comanda, nas sombras, decisões cruciais da comunicação institucional.

O secretário também informou que está em andamento uma proposta de reformulação no modelo de contratação de mídia, seguindo parâmetros similares ao sistema federal (CLICMS ou formato semelhante), prometendo maior transparência e critérios objetivos. A iniciativa, em tese, seria bem-vinda. No entanto, a pergunta que se impõe — e que ficou sem resposta — é: a lista secreta de preferidos e excluídos continuará existindo? E, se sim, a perseguição velada seguirá o mesmo roteiro, apenas com nova roupagem?

Há relatos graves de interferência direta de membros do primeiro escalão do governo, sugerindo a empresários da comunicação que se afastem de determinados profissionais ou veículos “não gratos” ao governo, sob ameaça de perderem benefícios ou contratos. Isso não é apenas imoral — é uma violação direta dos princípios constitucionais da liberdade de imprensa, da impessoalidade e do uso legal do dinheiro público.

Diante desse cenário alarmante, sugerimos que o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e o Ministério Público Estadual aprofundem as investigações sobre o que está acontecendo dentro da estrutura de comunicação do Governo do Estado. Afinal, trata-se de um esquema que envolve gasto milionário de recursos públicos, suspeitas de direcionamento, favorecimento, perseguição institucional e aparelhamento da máquina estatal.

A comunicação pública deve servir ao povo — não aos interesses de um grupo. É hora de abrir a caixa-preta da publicidade oficial em Mato Grosso do Sul.

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