Corrida contra o tempo: Reinaldo Azambuja busca desbloquear recursos envolvidos no esquema JBS

O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), tem intensificado, nos bastidores jurídicos, as tentativas de desbloquear os recursos financeiros bloqueados no âmbito da operação Vostok — investigação deflagrada em 2018 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal que apura o envolvimento de autoridades públicas no recebimento de propinas do grupo JBS em troca de incentivos fiscais.
Segundo fontes ligadas à defesa de Azambuja, o ex-governador enxerga no atual momento político e jurídico uma janela de oportunidade para reverter decisões judiciais que mantêm indisponíveis bens e valores atribuídos ao suposto esquema. Estima-se que o montante bloqueado ultrapasse R$ 277 milhões, abrangendo contas bancárias, imóveis e outros ativos do ex-governador e de pessoas próximas.
Azambuja, que sempre negou as acusações, afirma ser vítima de uma perseguição política e jurídica. Seus advogados sustentam que os bloqueios foram arbitrários e desproporcionais, alegando ausência de provas concretas sobre o uso indevido de incentivos fiscais em favor da JBS.
O caso teve grande repercussão nacional por envolver delações premiadas de executivos da JBS, como Joesley e Wesley Batista, que citaram o repasse de propinas em troca de benefícios tributários no estado. À época, Azambuja ocupava o cargo de governador e teria, segundo os delatores, atuado diretamente nas negociações.
Nos últimos meses, novas movimentações nos tribunais superiores indicam que a defesa de Azambuja busca uma reavaliação das medidas cautelares impostas durante a fase mais aguda das investigações. Entre os argumentos apresentados estão decisões recentes do STF e do STJ que têm revisto bloqueios de bens em ações semelhantes, reforçando a tese de que houve excessos por parte das autoridades investigadoras.
Apesar disso, o Ministério Público Federal mantém a posição de que há indícios robustos de envolvimento de Reinaldo Azambuja no suposto esquema. Procuradores afirmam que a manutenção do bloqueio é fundamental para garantir o ressarcimento ao erário em caso de condenação definitiva.
Enquanto o impasse se arrasta nos tribunais, o ex-governador, que ainda tem forte influência política nos bastidores do estado, tenta reconstruir sua imagem e se reposicionar no cenário político. Nos bastidores, comenta-se que uma eventual reversão das medidas judiciais poderia abrir caminho para um novo ciclo de atuação pública — ou mesmo uma candidatura futura.