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Proteção e Cultura: O Impacto do Livro Adaptado na Luta Contra a Violência Infantil Indígena

Por Wander Lopes

21/03/2025

O lançamento do livro Estrelas na Cabana, adaptado à realidade indígena, é um marco significativo na luta contra a violência infantil no Mato Grosso do Sul. O evento, realizado em Amambai, no dia 21 de março de 2025, contou com a presença de crianças, lideranças indígenas e autoridades locais, sendo promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ).

A grande inovação desse projeto é a adaptação do conteúdo para o idioma e a cultura Guarani Kaiowá, com ilustrações e narrativas respeitosas às tradições indígenas. Esse formato facilita a compreensão das crianças das aldeias, ampliando a conscientização sobre os diferentes tipos de violência infantil. A juíza Katy Braun do Prado, da CIJ, destacou que a adaptação visa aproximar a informação da realidade das crianças e que a intenção é levar o material a todos os povos originários do estado.

A situação em Mato Grosso do Sul é alarmante, com um grande número de denúncias de violência infantil. O Disque 100 registrou em 2024 mais de 1.800 denúncias, sendo quase a metade envolvendo crianças menores de idade. Em Amambai, uma região com uma significativa população indígena, os casos de violência são preocupantes, especialmente entre as crianças. Em resposta a isso, a psicóloga Elenice Peixoto da Costa dos Santos ressaltou a importância do livro como uma ferramenta educativa e de conscientização.

A presença do cacique Flaviano Franco também foi marcante, pois ele compartilhou as dificuldades enfrentadas pelas crianças indígenas, muitas das quais crescem sem o suporte familiar adequado. Ele destacou que, pela primeira vez, essas crianças terão acesso a um material em sua língua materna, o que representa um grande avanço para o fortalecimento da cultura indígena e para a proteção das novas gerações.

Além disso, o livro será utilizado de forma multidisciplinar nas escolas, permitindo que as crianças aprendam sobre o tema de maneira lúdica e envolvente, através de atividades como leitura, teatro e produção artística. A secretária municipal de Educação, Tânia Aparecida Ruivo Luz, mencionou a relevância do livro para a identificação de casos de violência, especialmente entre crianças de até 11 anos.

Esse projeto pioneiro não só contribui para a prevenção da violência infantil, mas também celebra a valorização da cultura indígena, proporcionando às crianças uma ferramenta de aprendizado e proteção adaptada às suas realidades. Com a distribuição do livro nas escolas, espera-se que o modelo de prevenção se expanda para outras comunidades indígenas do Estado, oferecendo uma forma mais eficaz e acessível de conscientizar e proteger as crianças.

Este lançamento marca um novo capítulo na história da proteção das crianças indígenas no Mato Grosso do Sul, estabelecendo um importante precedente no país para o combate à violência infantil em contextos indígenas.

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