Presença constante de onças-pintadas em Corumbá assusta moradores e levanta alerta sobre o desmatamento

Nos últimos meses, moradores da cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, têm registrado com frequência aparições de onças-pintadas em áreas urbanas e rurais próximas. Os flagrantes, que antes eram raros, tornaram-se mais comuns, causando medo na população e levantando questionamentos sobre o motivo da aproximação desses felinos aos centros habitados.

A onça-pintada (Panthera onca), maior felino das Américas, é uma espécie nativa da região pantaneira e depende de grandes áreas de mata preservada para sobreviver. No entanto, a intensificação do desmatamento, a expansão urbana e as queimadas têm reduzido drasticamente seu habitat natural, forçando esses animais a buscarem alimento e abrigo em locais cada vez mais próximos dos humanos.

Segundo especialistas em meio ambiente, o avanço das fronteiras agropecuárias e a degradação de áreas de mata ciliar e floresta nativa estão entre os principais fatores que contribuem para o deslocamento das onças. Sem território suficiente para caçar ou se reproduzir, elas acabam invadindo propriedades rurais e, em casos mais extremos, adentrando áreas urbanas.

Além do risco à segurança da população, essa situação também representa perigo para os próprios felinos, que frequentemente são perseguidos ou mortos em confrontos com humanos. Órgãos ambientais, como o Instituto do Homem Pantaneiro e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), reforçam que a presença da onça-pintada é um indicativo da saúde dos ecossistemas e que é preciso agir com responsabilidade para garantir sua conservação.

Moradores de Corumbá cobram ações efetivas do poder público para controlar a situação, como campanhas de conscientização, monitoramento da fauna e projetos de reflorestamento. A convivência pacífica entre o homem e a natureza depende de um equilíbrio que só será possível com políticas ambientais eficazes e um compromisso coletivo com a preservação.

A onça-pintada não está invadindo a cidade: é o seu território que está sendo invadido. Preservar o Pantanal é garantir o futuro de toda a biodiversidade local — e da própria população.