Saindo pela Direita: A Debandada Tucana e a Crise de Identidade do PSDB

Nas últimas semanas, o PSDB vem enfrentando uma nova e significativa baixa em seus quadros. Figuras históricas do partido, outrora pilares de uma centro-direita liberal e democrática, têm migrado em bloco para siglas mais à direita do espectro político. A debandada, silenciosa em alguns casos e ruidosa em outros, reflete não apenas uma reorganização partidária, mas uma crise profunda de identidade tucana.
Políticos que cresceram sob o ideário da social-democracia, como defensores da responsabilidade fiscal combinada com políticas públicas inclusivas, agora flertam — e em muitos casos aderem — ao discurso ultraconservador. A justificativa? A busca por “viabilidade eleitoral”, “afinidade ideológica” e “resposta às bases”. Mas o que isso revela sobre o momento político atual?
Para analistas, o fenômeno expõe a perda de protagonismo do PSDB, um partido que já disputou o segundo turno presidencial quatro vezes seguidas, mas que nos últimos anos viu sua bancada encolher, sua narrativa se esvaziar e seus quadros se fragmentarem. O colapso do centro político no Brasil, acelerado por uma polarização crescente, tornou a posição dos tucanos insustentável: acusados de esquerdismo por bolsonaristas e de conivência pela esquerda, restou-lhes um espaço exíguo e cada vez mais desabitado.
A saída pela direita de nomes influentes pode parecer estratégica num primeiro momento, mas carrega um peso simbólico: é o fim de um projeto político que, com todas as suas contradições, ainda representava uma ponte possível entre os polos. A debandada tucana é, talvez, mais do que um movimento partidário — é um sintoma da radicalização que avança sobre o país e da dificuldade das forças moderadas em se manter de pé.