Soja avança sobre rios de Bonito e ameaça águas cristalinas: ganância supera o bom senso

Soja avança sobre rios de Bonito e ameaça águas cristalinas: ganância supera o bom senso
O município de Bonito, em Mato Grosso do Sul, conhecido mundialmente por suas águas cristalinas e belezas naturais, enfrenta um grave e progressivo desequilíbrio ambiental. O que antes era sinônimo de preservação e turismo ecológico agora convive com o avanço desenfreado do agronegócio, em especial o cultivo de soja nas proximidades dos rios.
A expansão das lavouras para áreas de preservação permanente tem gerado impactos devastadores: a ausência de mata ciliar, o constante desmoronamento de encostas e o vazamento de agrotóxicos nos cursos d’água estão mudando radicalmente a paisagem e a saúde ambiental da região. De tempos em tempos, é possível observar a alteração na tonalidade das águas – antes límpidas e transparentes, agora esbranquiçadas ou barrentas em diversos trechos.

A perda da vegetação que protege as margens dos rios deixa o solo exposto, contribuindo para processos erosivos intensos. Com a chegada das chuvas, sedimentos e resíduos químicos das plantações são arrastados para dentro dos rios, provocando assoreamento, degradação da fauna aquática e ameaça direta ao turismo – principal motor econômico de Bonito.
“Estamos vendo o fim do banho em águas cristalinas acontecer diante dos nossos olhos”, alerta um guia turístico da região. Empresários, moradores e ambientalistas têm feito denúncias, mas a fiscalização é falha e, muitas vezes, complacente com grandes produtores rurais.
A ganância pelo lucro imediato, incentivada pela alta do mercado da soja, parece ter atropelado o consenso mínimo sobre sustentabilidade. Enquanto isso, o meio ambiente sofre em silêncio – até que o dano se torne irreversível.
Bonito, que já foi exemplo de turismo sustentável para o mundo, pode se transformar em um triste retrato da negligência ambiental. Proteger seus rios é proteger seu futuro. E talvez ainda haja tempo, mas a janela está se fechando.